domingo, 27 de novembro de 2011

É o Sufoco que Nasce num Espaço Amplo

A distância geográfica é trivial. A distância pela distância é, só por si, motivo de transtorno.
O tempo, que acalma ou exalta o transtorno, é bipolar. Vai decorrendo.
A terça e a quarta-feira são passadas no Limbo. À quinta, deixa-se a luz entrar e tolera-se que o tempo não passa como se quer. Aceita-se que o tempo é O Cronos, todo poderoso, e entrega-se à inevitabilidade da vida. Sexta, o ar circula de outra maneira. Trespassa paredes de betão armado em parvo. A gravidade alia-se a esta grave causa e altera o seu centro. Arranca sorrisos. O fim de semana é Carnaval. A segunda é letal, mas só até terça ameaçar aparecer. Depois disso, a história de amor repete-se até a Norepinefrina estabilizar.
É a escolha entre a vida ou o sufoco. E de masoquistas, temos todos um pouco.

A ti.

LL

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Libertinagem vs Integridade Part I: A Noite, O Chart, As Merdas.

  O mundo já encontrou a sua própria maneira de funcionar, algo entre a ordem e o caos. Algo certo,  porém errado. Algo que evolui, sem parar de estagnar todos os dias.

A Noite

 À noite, todos os gatos são pardos e, com o barulho das luzes, com a sobriedade própria de quem bebe, tudo o que seja complicado à luz do dia, triplica de noite.
 O abuso de drogas é feio. Ficas feio sem dares por isso. Nas tuas próprias barbas, transformas-te num monstro esfomeado. Tremes, mordes, reviras os olhos, mas estás sempre "fixe", porque não é fixe dizer que te sentes mal, que foi demais para ti, que não és um super herói ou uma rockstar. Seja como for, se não arranjares problemas, não valeu a pena, porque gostas de viver no limite. No limite que mete dó.
 Ainda assim, nunca te chega, nunca sacias a tua fome de besta. Um copo para abanar a alma. Mais um. Agora um shot. Dois. Passa a três, que passa a quatro e já não estás sozinho...
Porque só assim te consegues relacionar.

O Chart

  A Teresinha namorou com o João dois anos. Acabaram porque o João queria mais e como a Teresinha era de "boas famílias", fez-se de difícil.
  O João conheceu a Rita numa festa. A Rita conhecia a Teresinha do liceu. A Rita teve relações sexuais com o João na 1º noite. O João quis voltar para a primeira rapariga. Pena que a Teresinha fosse agora a Teresa, imponente e poderosa, que papa meio mundo e é famosa. Que papou o Miguel normal, o Bernardo assim assim , o Salvador da linha, o Kiko do dubstep, a ex namorada do Kiko, a Só(raia) de Sintra e, se apaixonou.
 A Só(raia) não só era de Sintra como vivia sozinha. A mãe batia-lhe. O pai era drogado. Ela além de viver sozinha, sentia-se só. Encontrou a sua maneira de funcionar e, foi na bissexualidade que se vingou. Podia controlar raparigas mais fracas, podia ser o pai, podia ser a mãe. Podia fazer a vida negra à Teresa só porque sim, que por sua vez, desabafava com a Ana, que a amara desde o dia em que se conheceram.
 Ana era prima de Só. Ana era lésbica assumida desde que nascera. Podia amar Teresa, mas marchava tudo o que vestisse de 38 para baixo. Ana era "boss". Lisboa era demasiado pequena. Ana deixou de ser "boss", passou a ser odiada. Criou demasiadas ondas, partiu demasiados corações c/ e sem dona. Partiram-lhe várias vezes a cara, e a última, foi o João, depois de a ver a papar a Teresa, que afinal ainda era a Teresinha.
 A Teresinha, no meio desta confusão toda, optou pela androgenia. Deixou de ser beta, deixou de ser burra, passou a perna à outrora boss, passou a perna ao João que passou a abrir as pernas a outros Joões. Abriu pernas como se não houvesse amanhã e a história continuou, como sempre, a repetir-se a si mesma.

O ciclo come o ciclo. A libertinagem puxa libertinagem e no meio disto tudo, quem ficar à porta ganha. A integridade está do lado de fora, do lado de quem não precisa de entrar para ser livre. Porque ser livre é bem diferente de ser libertino. E se o livre se sente, eventualmente, leve, o libertino será sempre um leviano.

As Merdas

  O problema, é que as merdas vêm umas atrás das outras. E quando já num buraco, é de evitar escavar mais.

  A droga altera a percepção da realidade, das barreiras, do adequado. O chart potencia, alarga e subverte situações, com tendência ao disfemismo.
 A má língua é o perfeito catalisador e, como vimos na alínea A Noite, com o álcool, normalmente em versão quanto mais forte e translúcido melhor, o resultado, combinado com mini t-shirts transparentes ou camisas aos quadrados, cabelos curtos, escuros e espetados, ou seja as merdas, culmina em explosão.

 Cuidado meninas,
 A integridade ganha sempre à libertinagem e um dia explode-vos na cara.

LL
 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Leite com Chocolate: Para viver em comunidade, por vezes, temos que ser menos nós e mais pelos outros

  Sim, nem todos o dizem. Mas também nem todos sabemos quem foi o 16º presidente dos Estados Unidos ou conhecemos a lenda da Lagoa das sete cidades e, acima de tudo nem todos gostamos de brocolis sautés. No entando, por alguma razão, desde pequenos nos foram introduzindo umas palavras no cérebro, conhecidas entre os mais novos, por mágicas.
 
Durante algum tempo coloquei-as num pedestal. No grande saco intitulado de O que (não) devemos dizer para evitar o castigo e outras torturas e nunca as compreendi. E sem que as compreendesse, as entoava. Como se dum hino se tratasse, dum grito de guerra antitético!
  Largos anos passaram desde a últimas vez que me debrucei sobre a temática "boas maneiras e afins" e chego novamente à conclusão que nunca as assimilei. Entendo o seu significado, relaciono-o, aplico-o, porém, é-me estranho. Faz todo o sentido, concordo plenamente com a sua popularidade mas na verdade, já lá vai o tempo em que o branco era sinónimo de ausência de cor.

"Bom dia Sr., como vai?" , "Obrigada pela sua atenção!" ou "Por favor, pode passar-me o arroz?" são clássicos. Mais que a Grécia da antiguidade. Mais que a Madonna ou que os Doors, pois são diariamente, por todo o mundo e nos devidos idiomas, são repetidos. São tão mainstream e tão não do indie. Usam-se demasiado e cada vez menos. São paradoxos em forma de código social. Bons, óptimos, vagos.

 O "Bom dia Sr, como vai?" significa exactamente o quê? Quem pergunta, espera uma resposta? Quer realmente ter uma? Não. Na maior parte das vezes ficamos incomodados quando a outra face da moeda nos dá feedback. Sentimos-nos deslocados, bombardeados com história e estórias que não queremos ouvir. Achamos-nos melhores que nada e, damos como nada o que na verdade é mediano. Habituamos-nos a querer mais e mais, como monstros verdes que vivem em pântanos. Queremos fazer-nos ouvir, queremos ser amados, mas sem por isso, ouvir os outros.
 Ai, o doce sabor do egoísmo, da individualidade, da ascensão social, do distanciamento do humano/terreno. Somos Deuses e somos tão pequenos e dispensáveis.
 
Quantos "bom dia" dizes por dia? A entoação é sempre a mesma? Quantos, de facto, desejaste?

 A hipocrisia é detestável. Para viver em comunidade, por vezes temos que ser menos nós e mais pelos outros. A verdade deve sempre prevalecer, a menos que a sua omissão, nunca a mentira, evite problemas consideráveis. 
 


 Onde quero chegar é: Dizer bom dia, obrigada, por favor, pode ser desprovido de qualquer tipo de significado para mim, para ti, pode não ter verdade nenhuma, e pode significar o mundo para alguém.

LL

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Common sense is not that common

   Só porque o vento sopra, só porque me lembro de ti. Só porque falhei, só porque caí. Só porque pareço quieta, só porque ainda não me levantei, não significa que não o faça amanhã. E se o amanhã vier mais tarde, mais cedo que nunca será o dia em que saberei que foi o primeiro, do resto.

   Se eu soubesse o porquê não teria piada e mesmo o que piada nenhuma tem, a terá. Não quero perceber por agora o metafísico, o virtual, porque nem o físico compreendo. Se me dói, magoa, se me satisfaz, aborrece-me, se me exalta, exagero. Saberei um dia sentir apenas, até lá, vou desconstruindo a piada, matando o prazer. Vou mergulhando de cabeça até partir o pescoço, e nesse dia, dar-me-ei por preparada e começarei, melhor que nunca, a subir.

   Bem vindos.
LL