quarta-feira, 28 de março de 2012

In Mysterious Ways

E então o tempo passa.
Lembras-te das pontas soltas de que falávamos naquela noite em que Lisboa se recolhera e se agrupara em grupos de dois, ou três, para os mais ousados? Foi ali, ao ver a cidade que nos acolhe, por agora, iluminar-se de balões lançados ao destino, que nos iluminámos também.

Ele: " Neste momento nada faz sentido! Analisa o meu passado...nada! Mas é como que no futuro estivesse a resposta kármica."

Eu: " Mas essa hipótese nega o livre-arbítrio e não posso permitir-me acreditar em tal coisa. O karma já me falhou tantas vezes, o que me faz duvidar que exista..."

Ele: " Sim, mas pensa: Quantas vezes é que já te viste numa situação limite, de estagnação, sem esperança? Quantas vezes é que já superaste isso? Quantas vezes é que tiraste uma lição desse beco "sem saída" e viste as pontas soltas ligarem-se, in mysterious ways?"

Eu: " Tens razão, mas é difícil acreditar numa ordem predefinida. Seja como fôr, sei que faremos associações com muito (e) pouco sentido, que nos daremos satisfeitos e que veremos progressão. Acredito que acima de tudo, evoluímos. Quem não evolui, ou não pode, ou não quer! Nós somos os tipos que não queremos parar de evoluir nunca, que traçamos objectivos,  que fazemos bucket lists. Que só estaremos saciados quando entrarmos em putrefacção e soltarmos o fogo-fátuo."

Ele: "É. Seremos felizes!"

Eu: "Para sempre, por momentos. A solução ao teu problema é seres mais como eu e a solução do meu é ser mais como tu."

Ele: "É mesmo. A isso!" -
enquanto apagava o cigarro.

E o tempo passa. Passa mesmo. Sejam meses ou anos, às vezes são mesmo dias que marcam a diferença, que nos viram do avesso como roupa delicada saída da máquina de lavar.

Hoje quero-te  imenso e amanhã não me lembro porquê. És recente, mas tão do passado.

Já passou. O penso foi arrancado com rapidez, agradeço-te.

Depois o passado bate à porta e agora lembro-me de outras pessoas. De algo mais longínquo que nunca foi realmente embora. De algo que me faz questionar da translucidez da água que bebo. Da água. Porque sempre gostei mais de água do que de terra. Sou uma capitã romance e o que eu quero é navegar.

Bon voyage!