sábado, 9 de novembro de 2013

Parece Que Perdeste Alguém

   
Hoje conheci uma pessoa muito parecida a uma pessoa que conheci há alguns anos atrás.
   Conheci uma versão mais velha, com o mesmo tom de pele. Elas podiam ser irmãs mas se estivessem relacionadas, seria outro tipo de relação. Partilhariam o mesmo planeta, o mesmo dia. Seriam contemporâneas de si mesma. A mesma pessoa.
  
   Todos nós temos um sósia. 
   Todos os sósias são entre si mais velhos ou mais novos, mesmo que seja um fracção de segundo.
   Todos os sósias o são com letra maiúscula e cada um dono de sua personalidade.
 
  - E se todos os sósias forem o mesmo eu, em diferentes vidas?
  - E se a personalidade que os distingue for o peso ou leveza da sua vivência?  
  - E se a reencarnação, pressupondo que existe, for concebida sempre da mesma maneira? Iguais mas nem por isso com as mesmas marcas na pele.
  - E se já se tiverem esgotado todas as combinações possíveis de ADN?
  
   Andará outro eu de mim, que não seja meu, a viver coisas que nunca vivi? Posso ser eu, sem que seja de mim, sentada numa pastelaria a resolver umas palavras, de pernas cruzadas, enquanto a minha mãe esquerda que bate ritmicamente na mesa, não tem no pulso a minha cicatriz?

  Ela sorri e a outra não sorria a quem mal conhecesse. À parte disso, vestem-se da mesma maneira, maquilham os olhos que são iguais, de forma idêntica e escolhem o mesmo batom.
  Ela tem uma pequena mala e, ao tentar adivinhar a sua bagagem, a minha revela-se pesada. 
  Não me disse, mas podia ter dito que Até hoje foi sempre futuro, mas hoje "Estou aqui, presente.".
  
 Ando sempre carregada e a minha mochila leva muito mais do que lá cabe. 

 Foi com a frase que ela não disse que eu percebi que ela, apesar da semelhança, não é a outra, e que posso pousar pelo menos esta bagagem no chão.
 Nunca a conheci porque ela é outra que não a outra pessoa. Fala galego.



 

domingo, 26 de maio de 2013

F*deu

Ya, e mudei o cenário da coisa.
Não escrevo há 2 meses e meio. 
Doismeses&meio. 
3 anos em vida de blogues.

Tipo, uma pessoa só escreve quando sente coisas que o obrigam a reflectir sobre cenas. Tipo, é doloroso escrever quando está tudo demasiado bem. Tipo, não dá.
Prefiro escrever apenas quando não consigo pensar noutra coisa que não escrever sobre a coisa que me tem deixado a pensar. Quando preciso de o e-s-c-r-e-v-e-r e reler, antes de ir dormir, para poder de facto dormir.
Portanto, tipo quando se está bem ou tipo atarefado com trabalho, trabalho, ah e trabalho, é contrapruducente escrever sobre isso. 
Ya, é isso.
Depois lá acontece alguma coisa, no meio desta inércia literária e lá tenho que, tipo, escrever. 
De preferência sem mais tipos à mistura.

Aconteceu isto:
Eu e a outra Push Pop íamos passar música. Como tal e de costume, o jantar before-party-time era em minha casa. Os amigos foram chegando e tal.
Toca a campainha. "É a Mariana!". Abro a porta e além da Mariana, salta para o meu campo de visão o meu grande amigo, retornado de Londres. Começo imediatamente a andar para trás, respiro fundo e um misto de choro e riso nervoso toma conta de mim. Eu nem sou destas coisas. Costumo chorar a ver a Oprah ou I Didn't Know I Was Pregnant, mas parece-me que a tendência e ficar mais lamechonas à medida que o tempo passa.
O mood está on. Toda a gente feliz, pelo menos para a noite Push Pop.

Estamos quase a pôr música e pessoas importantes começam a sentir-se mal. Chegam pessoas igualmente importantes e há um inevitável re-encontro com cheirinho a slow motion western. Parte-se-me o coração.
Partem-se uns copos pela noite fora.

Depois de uma noite cheia de ídolos, divas, e masterplan, taxi, xixi-cama.
7 a.m.
Acordo às 11h e sinto falta de alguém na cama. 
Está na sala. Torceu o pé. Está negro e a inchar.
Sofá, gelo, sofá Ikea e pomada resolvem. Mimos ajudam.

"Está-se tao bem neste sofá!"


"Merda. Tenho de ir apanhar o comboio para a entrega de prémios em Santarém!"
Roupa formal-cool, despedidas dolorosas mas rápidas, óculos de sol, dor de cabeça, 20 minutos para apanhar O comboio. Bilheteira, corrida, sento-me. Decido confirmar, com outro utente da grande rede portuguesa de comboios, se estou no comboio certo. 
"Santarém? Benfica!"
"Merda!"
Corro para a bilheteira e venho a descobrir que os horários são diferentes ao fim de semana, e que portanto o meu comboio parte de uma linha diferente, uma hora depois.
Uma hora presa num centro comercial magnífico, que se é bom num dia sem dores de cabeça, num de ressaca é qualquer coisa como pior só o Colombo ao domingo.

Comer. Comer costuma ajudar. 
Tantas filas e gente esquisita.Não sou eu que sou esquisita, são eles!
Comer.Ok, comer ao sol piora, comer à sombra! Não há mesa.
OK, comer numa cadeira com o tabuleiro ao colo, mas na sombra. Condições precárias que suscitam o interesse de pessoas que não estão habituadas a ver jovens tatuadas, vestidas formalmente. 

"Mãe, quem é aquela menina de gabardine preta e óculos esquisitos, com ar de sono e poucos amigos?" pergunta o mundo. Respondo com um grunhido. 

Para não melhorar o cenário, até agora comum, um típico pai de família Prudêncio meets Mike Tyson caucasiano, claramente ex-segurança de uma qualquer extinta discoteca na zona das docas, interrompe a minha paz dirigindo-se à sua mai'nova:
- Come lá a carne que só te vejo a enfardar batatas, Priscila!

Retomo a minha pausa zen, tentando apreciar o Tejo. No can dosville, baby doll! 
Tenho uma trintona Bershka que gosta mesmo da Reason dos Hoobastank, sentada ao meu lado.
Oh, just kill me!
Ouvem-se vozes esganiçadas ao longe. É pujança de fangirl belieber*. 
Começam a cantar a Forever Youg e morro mais um bocadinho. Heréticas! 

*Vim a descobrir que eram One Direction mads, no dia seguinte quando a minha prima disse que "Aqueles bichas foleiros vão dar um concerto hoje em Lisboa e a não sei quantas vai. Blargggh!".

Hora do comboio. Na-boa!
Not.
Comboio errado outra vez. A minha cabeça colapsou.
No biggie. 
À terceira é que a cena vai e lá vou eu no comboio suburbano em direcção a Santa-cenas. 
Algumas cadeiras atrás vai sentado um rural ribatejano, cujo toque de telemóvel é uma cena tipo Paso Doble, a gritar tourada, contrastando com o seu boné Louis Vuitton.

A minha família não me veio buscar por alguma razão que permanece por esclarecer e tenho de apanhar outro taxi. 
Chego antes do evento começar, antes da minha família chegar e não conheço ninguém. 
Perfeito para encontrar um cantinho e pôr creme Nivea nas pernas, que bem precisava. 
O evento lá arranca e a mim já não me arrancam da cadeira, mas ainda tenho de ir fotografar/filmar O grande momento.
Feito. 
Tenho um resto de bom fim de semana em família, até regressar a Lisboa e sentir falta dela.
E além da conclusão óbvia, que dormir pouco, mesmo quando tem de ser, antes de eventos familiares que impliquem uma deslocação razoavelmente longa quando o meu carro ainda está a arranjar após 3 meses, é má ideia, tiro outra conclusão mais romântica.
Isto do ler nas entrelinhas tem muito que se lhe diga.
É f***** ter saudades. Em suma, é isto.
É extremamente agoniante ter saudades dos que emigraram, apesar de ao fim de algum tempo nos habituarmos. É lixado ter saudades dos nossos grandes companheiros do 
dia-a-dia e mais lixado é aceitar que acabei de escrever companheiros do dia-a-dia. É terrível estar cheio de trabalho e não poder andar por aí a laurear a pevide e, apesar de o trabalho ser desafiante, não há nada que atenue as saudades.
E quando são saudades dela, f*deu.

F*de-me mais que qualquer fatalidade prevista na Lei de Murphy.











segunda-feira, 4 de março de 2013

Going Nowhere Fast

Deixou a mala pronta em caso de emergência.
Sempre esteve.
Pronta.
À espera do grito de alvorada ou do soneto da separação,
Porque enquanto a cidade adormecia, ela fechava os olhos.
Não se tratava de perturbações do sono ou de perturbações de qualquer espécie.
Era um constante estado de alerta, com direito a quartel em forma de templo Hindu.
O comprimido não era azul, não era vermelho. Era branco.
Fosse dourado, mas era branco. Da cor de percepção. 
Da desilusão.
Da cor da refeição preferida que fica a meio porque o telefone tocou.
Da realidade que tende para a ficção em detalhes.
Sabia que podia pegar na mala e rumar ao campo. Aos quatro cantos do mundo.
Ao Triângulo das Bermudas.
Por motivos imperativos, adiara a viagem de tempos a tempos e havia ainda a possibilidade de...
Dormir. 
E ia fechando os olhos.
Havia a possibilidade de comer, 
E ia provando.
Havia possibilidade de rir, e ria.
Mas chorar, não chorava.
 Tinha portanto uma espécie de contrato com a Epal e estava encarregue da distribuição 
de água filtrada pela comunidade muggle.
Não era 70% água. Era vinte, se tanto. 
Depois de ter vendido a alma ao Diabo, o acordo era este, até ser quebrado por uma 
catástrofe natural, trazida por alienígenas. 
Não chorava porque não podia.
E a mala sempre à porta, pronta para quando decidisse correr.
Nao sabia muito bem o porquê do querer correr, porque não teria onde se esconder Dele.
Não sabia muito bem o porquê de lhe ter vendido a alma e ter aceitado esta condição.
Era portanto uma central de água potável, gangrenada.
Filtrada.
Talvez tivesse pedido um filtro. Talvez fosse esse o motivo da venda.
Mas a mensagem fora por Ele mal recebida e era agora um ser equívoco.
E se tinha água a menos, tinha amor a mais.
Tanto que por vezes transbordava em forma de anti-matéria , pelo canto to olho,
e morriam centenas de pessoas em seu redor.
A anti-lágrima. O non sense, a ironia e a verdade, num power trio maléfico.
Com persistência, aprendera a controlar-se para não erradicar inocentes.
Por falta de cuidado, havia erradicado a inocente que havia em si, 
E parecia ser tarde de mais.
Felizmente, havia deixado tudo pronto.
Going nowhere fast,
Sabia que faltava pouco para pegar na mala e zarpar.
Apesar da apatia, era mais matéria que anti.








terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

P'ra já tens-te a ti


As costas doem-te por causa do teu próprio peso. 
As pernas marcam o ritmo até a música acabar, que acaba quando o teu dedo clica no botão.
Pousas a caneta, arrumas os papéis e respiras fundo.
Mais um que foi.
A cama é sempre a mesma e fica bem com o teu tom de pele.
Ajeitas a almofada ao teu gosto. 
Apagas a luz.
Viras-te duas, cinco vezes. Encontras a tua posição.
Sorris, trauteias aquela música, projectas o teu dia, relembras, choras para dentro ou apagas, simplesmente. Às vezes é fácil adormecer.
Já não há beijinho de boa noite, estórias ou medos. Já não há ninguém a quem obedecer.
P'ra já tens te a ti e, quanto ao frio, vestes mais uma camisola.
Sonhas com lagos gelados, em filtro azul hipotérmico. Querias sonhar com praia, ir à California e voltar antes de carregares no snooze, devido a um atraso no voo.
Acordas em sobressalto porque te puxaste do limbo, sem saber muito bem como. 
Arrastas-te para o banho, dormes mais um pouco ao jeito In Utero, até que emerges ou te atrasas.
Empurras a torrada com o galão e empurras-te para a rua. Está frio mas a corrida para o autocarro aquece-te a alma, que se aquece com tão pouco e a quem chamas garganta.
Tosses a alma para cima de alguém, sentas-te nos bancos do fundo à janela e pensas na Tracey. Fragmentas-te enquanto olhas, sem que observes, porque é sobre ti.
O dia começa com uma piada. Bracejas e depois concluis com um ar pensativo. 
Reúnes em ti tanto de sério como de circo. Acendes, expiras, apagas. 1, 3, 5...
Pões os óculos e estás em todo o lado, apesar de continuares ali. Focas-te. 
Adrenalina, estalidos, cut, trim, export, acção, firma, corta. 
Pões os óculos, agora de lentes escuras, faço sol ou faça chuva. 
Ar! 
Sentas-te em um qualquer lugar. Só queres chegar.
Irias para vários destinos, mas tens obrigações para contigo mesma, inventadas por não sei quem aka senso comum.
Por vezes escapas e vais a uns sítios, ver coisas que já viste, pensar em assuntos gastos.
O shuffle interrompe-te com algo que te lembra não sei o quê e,
P'ra já tens te a ti. 
Amanhã logo se vê.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

At Sea



At sea there's always tomorrowThere are ways to be free, we'll work it out. Electrelane, At Sea

Há terra a vista. Há mesmo terra à vista. E é um ilhéu, perfeito para começar. Já não se trata de colonizar, os tratados ficam para mais tarde.Descobri o Brasil, sabendo já da sua existência mas não do seu paradeiro. Senti-me em casa, e casa é um qualquer lugar. 
Chegar-se a bom porto.Chegar.Chega-me. 
Entre o agora e o depois, o novo sufoco e uma boa ânsia que tardaram, mas apareceram à tona, que me tiraram do fundo do mar, para onde só quero voltar contigo.E se fosse verão, íamos nadar, porque o ilhéu é bem mais perto de onde quer que estejamos do que daqui. 
O meu batimento cardíaco alinhou-se por osmose e agora o meu sangue pulsa de outra forma. Está quente, quente, quente, frio. De ti provém um calor que já nada me pode dar.
Esqueço-me de tudo ao toque. É um calafrio que se materializa em lágrima salgada e sorriso rasgado.
Sao mares de amores onde ainda tenho pé. Avanço até me perder.Sei flutuar em ti.




quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cabo Sem Dor e Tormenta

Se soubesse para onde ruma este navio...

Não gosto de perder o norte por nada. Gosto de o perder em alguém.
De o oferecer em pérola bruta.
Ir polindo-o, com a força das ondas parece-me tão mais correcto.
E correcto é o que souber bem.
Como o vento da nortada na pele semi-coberta.
Como o frio que não o chega a ser porque alguém me incendiou quando as cinzas se pareciam perpetuar.
A vista para o lago e para os pinheiros, para a praia, os raios de sol que me acordam e me abraçam com a força do cosmos que já não é pai nem mãe, que é de mim para mim.
A força que é para dar.

Te dar.

Sempre que der.

Se não houver partilha não há ser,

Portanto quero partilhar.

Perdi o meu amuleto preferido.
Era uma âncora. Tinha-o preso a um fio de prata que se partiu. E ao partir deixou-me ficar sem ele.
Fiquei eu, sem bóia.
A perda foi boa, porque a bóia sou agora eu e eu não me vou embora.
Era dourada, era-me sagrada.
É-me agora nova. E vai prendendo, atracando...

A água voltou a ter sabor. Já não me afoga. É potável mas não é doce. Dá-me sede de novo.
Um trago a laivos do desconhecido, porém desliza naturalmente e arrepia-me ao descer pelas costas.

Tira-me o sono e adormece-me aconchegada.
Vem de um depósito carregado de bipolaridade filtrada por paladares mais refinados.
Chove inesperadamente, apesar de aguardada,
Porque há muito que aguardava por algo que não conhecia ainda forma/matéria/corpo.
E, quando chegou, sem se apresentar, porque apresentada já estava,
Entrou na minha circulação. Pompeou outra camada-coração.
Não me é chão ou conforto.
Não me é garantida nem fugidia, é o que é.
O que será, o que pode nunca chegar a ser, mas que já chegou certamente a existir, por oposição à desertidão .
É-o em 4 finos que não são frágeis mas que são membros.
É fresco e vem iniciar-se num outro início de mim.

Se soubesse para onde ruma este navio,
Se escolhesse para onde o levar...
Atracava-o no meu peito, num fio de prata que não se partisse com tempestades.
Nunca controlaria as minhas vontades, porque já perdi a minha âncora e a trajectória move-me noutras direcções, agora ocidentais.

O temporal já passou e esta brisa tem um beijo meigo.
Agora, encosta-te no meu peito, enquanto me deito.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Oh, when you've found a good one, don't you let her get away










Para quem ler e para mim mas, sobretudo, para ti.

Perdoem-me os devaneios cósmicos a cheirar a Clearasil® ,
Mas para mim um dos maiores problemas da humanidade reside 
no abandono. 




No abandono da terra natal, da mama, das fraldas, da chucha, da infância.
No abandono dos amigos que vivem na porta ao lado, que estavam no teu
sofá todos os dias.
Dos pais, dos que ficaram pelo caminho, dos cães, da tartaruga, da Mélita, 
dos desamores.
No abandono do amor.
No abando reflexivo da humanidade.



Passamos a vida a abandonar-nos.

Se encontrares uma coisa boa, não a deixes fugir. Não a abandones. 
Tudo o que acontece de bom, dá trabalho! Exceptuando milagres, mas quanto a isto a minha
perspectiva é absolutamente ateia.
Felizmente, ou não, sou trabalhadora. Podia-me ter dado para a cusquice, para a engenharia
aeroespacial ou para a droga. Deu-me para o trabalho!
E, como tal, arregaço as mangas para o que me é mais importante, que é sobretudo amor.

Para e pelo amor.
Daquele que me erriça o pêlo. 
Do que nos tira o colchão, porque dormir na mármore não custa quando se o tem.
Arregacei ao longe de anos cerca de mil mangas, de um milhão de camisas que não tinha, 
que arranjei.
E dou por mim agora, depois de arregaçar o pelo e o cabelo, a arregaçar a pele.
A Epiderme está em utilização, segue-se a Derme.

O que acontecerá quando chegar à Hipoderme?

Antes que chegasse, parei. 
Nunca te abandonei. Recuso-me a contribuir para a bagagem do abandono universal e que 
te é tão familiar. 
Que me é tão familiar, que o é para quem respira.

Portanto, se saí,

Foi porque me pediste para o fazer e, deixei-te tudo, menos as minhas três camadas
de pele que me dão aspecto de mortal. Que me inserem aqui.

Quanto a mim, o que te ofereci está agora nas melhores mãos.
Nas tuas mãos.

Tudo em mim surgirá de novo. O abandono abre-me espaço no peito para arregaçar ainda 
mais e melhor.

Portanto, entrego-te o meu maior pertence para que o uses e mo devolvas pessoalmente.

Mergulharemos de cabeça e partiremos a coluna tantas vezes quanto as que forem 
necessárias.
Partiremos os punhos de tanto bater em betão armado, em parvo, e do sangue virá o 
confronto que nos é necessário para a clareza. 

Pills de auto-reflexão e um shot de oxigénio. Sabe-me a amor, a grande
Amor.
Mor. 
Or:
R.

E isto só tem um sabor. 
A ti.