quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Oh, when you've found a good one, don't you let her get away










Para quem ler e para mim mas, sobretudo, para ti.

Perdoem-me os devaneios cósmicos a cheirar a Clearasil® ,
Mas para mim um dos maiores problemas da humanidade reside 
no abandono. 




No abandono da terra natal, da mama, das fraldas, da chucha, da infância.
No abandono dos amigos que vivem na porta ao lado, que estavam no teu
sofá todos os dias.
Dos pais, dos que ficaram pelo caminho, dos cães, da tartaruga, da Mélita, 
dos desamores.
No abandono do amor.
No abando reflexivo da humanidade.



Passamos a vida a abandonar-nos.

Se encontrares uma coisa boa, não a deixes fugir. Não a abandones. 
Tudo o que acontece de bom, dá trabalho! Exceptuando milagres, mas quanto a isto a minha
perspectiva é absolutamente ateia.
Felizmente, ou não, sou trabalhadora. Podia-me ter dado para a cusquice, para a engenharia
aeroespacial ou para a droga. Deu-me para o trabalho!
E, como tal, arregaço as mangas para o que me é mais importante, que é sobretudo amor.

Para e pelo amor.
Daquele que me erriça o pêlo. 
Do que nos tira o colchão, porque dormir na mármore não custa quando se o tem.
Arregacei ao longe de anos cerca de mil mangas, de um milhão de camisas que não tinha, 
que arranjei.
E dou por mim agora, depois de arregaçar o pelo e o cabelo, a arregaçar a pele.
A Epiderme está em utilização, segue-se a Derme.

O que acontecerá quando chegar à Hipoderme?

Antes que chegasse, parei. 
Nunca te abandonei. Recuso-me a contribuir para a bagagem do abandono universal e que 
te é tão familiar. 
Que me é tão familiar, que o é para quem respira.

Portanto, se saí,

Foi porque me pediste para o fazer e, deixei-te tudo, menos as minhas três camadas
de pele que me dão aspecto de mortal. Que me inserem aqui.

Quanto a mim, o que te ofereci está agora nas melhores mãos.
Nas tuas mãos.

Tudo em mim surgirá de novo. O abandono abre-me espaço no peito para arregaçar ainda 
mais e melhor.

Portanto, entrego-te o meu maior pertence para que o uses e mo devolvas pessoalmente.

Mergulharemos de cabeça e partiremos a coluna tantas vezes quanto as que forem 
necessárias.
Partiremos os punhos de tanto bater em betão armado, em parvo, e do sangue virá o 
confronto que nos é necessário para a clareza. 

Pills de auto-reflexão e um shot de oxigénio. Sabe-me a amor, a grande
Amor.
Mor. 
Or:
R.

E isto só tem um sabor. 
A ti.

















3 comentários:

  1. "Portanto, entrego-te o meu maior pertence para que o uses e mo devolvas pessoalmente." Fuck!... Awesome!

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  2. I think she was the one that lost the most.

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