As costas doem-te por causa do teu próprio peso.
As pernas marcam o ritmo até a música acabar, que acaba quando o teu dedo clica no botão.
Pousas a caneta, arrumas os papéis e respiras fundo.
Mais um que foi.
A cama é sempre a mesma e fica bem com o teu tom de pele.
Ajeitas a almofada ao teu gosto.
Apagas a luz.
Viras-te duas, cinco vezes. Encontras a tua posição.
Sorris, trauteias aquela música, projectas o teu dia, relembras, choras para dentro ou apagas, simplesmente. Às vezes é fácil adormecer.
Já não há beijinho de boa noite, estórias ou medos. Já não há ninguém a quem obedecer.
P'ra já tens te a ti e, quanto ao frio, vestes mais uma camisola.
Sonhas com lagos gelados, em filtro azul hipotérmico. Querias sonhar com praia, ir à California e voltar antes de carregares no snooze, devido a um atraso no voo.
Acordas em sobressalto porque te puxaste do limbo, sem saber muito bem como.
Arrastas-te para o banho, dormes mais um pouco ao jeito In Utero, até que emerges ou te atrasas.
Empurras a torrada com o galão e empurras-te para a rua. Está frio mas a corrida para o autocarro aquece-te a alma, que se aquece com tão pouco e a quem chamas garganta.
Tosses a alma para cima de alguém, sentas-te nos bancos do fundo à janela e pensas na Tracey. Fragmentas-te enquanto olhas, sem que observes, porque é sobre ti.
O dia começa com uma piada. Bracejas e depois concluis com um ar pensativo.
Reúnes em ti tanto de sério como de circo. Acendes, expiras, apagas. 1, 3, 5...
Pões os óculos e estás em todo o lado, apesar de continuares ali. Focas-te.
Adrenalina, estalidos, cut, trim, export, acção, firma, corta.
Pões os óculos, agora de lentes escuras, faço sol ou faça chuva.
Ar!
Sentas-te em um qualquer lugar. Só queres chegar.
Irias para vários destinos, mas tens obrigações para contigo mesma, inventadas por não sei quem aka senso comum.
Por vezes escapas e vais a uns sítios, ver coisas que já viste, pensar em assuntos gastos.
O shuffle interrompe-te com algo que te lembra não sei o quê e,
P'ra já tens te a ti.
Amanhã logo se vê.
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