domingo, 26 de maio de 2013

F*deu

Ya, e mudei o cenário da coisa.
Não escrevo há 2 meses e meio. 
Doismeses&meio. 
3 anos em vida de blogues.

Tipo, uma pessoa só escreve quando sente coisas que o obrigam a reflectir sobre cenas. Tipo, é doloroso escrever quando está tudo demasiado bem. Tipo, não dá.
Prefiro escrever apenas quando não consigo pensar noutra coisa que não escrever sobre a coisa que me tem deixado a pensar. Quando preciso de o e-s-c-r-e-v-e-r e reler, antes de ir dormir, para poder de facto dormir.
Portanto, tipo quando se está bem ou tipo atarefado com trabalho, trabalho, ah e trabalho, é contrapruducente escrever sobre isso. 
Ya, é isso.
Depois lá acontece alguma coisa, no meio desta inércia literária e lá tenho que, tipo, escrever. 
De preferência sem mais tipos à mistura.

Aconteceu isto:
Eu e a outra Push Pop íamos passar música. Como tal e de costume, o jantar before-party-time era em minha casa. Os amigos foram chegando e tal.
Toca a campainha. "É a Mariana!". Abro a porta e além da Mariana, salta para o meu campo de visão o meu grande amigo, retornado de Londres. Começo imediatamente a andar para trás, respiro fundo e um misto de choro e riso nervoso toma conta de mim. Eu nem sou destas coisas. Costumo chorar a ver a Oprah ou I Didn't Know I Was Pregnant, mas parece-me que a tendência e ficar mais lamechonas à medida que o tempo passa.
O mood está on. Toda a gente feliz, pelo menos para a noite Push Pop.

Estamos quase a pôr música e pessoas importantes começam a sentir-se mal. Chegam pessoas igualmente importantes e há um inevitável re-encontro com cheirinho a slow motion western. Parte-se-me o coração.
Partem-se uns copos pela noite fora.

Depois de uma noite cheia de ídolos, divas, e masterplan, taxi, xixi-cama.
7 a.m.
Acordo às 11h e sinto falta de alguém na cama. 
Está na sala. Torceu o pé. Está negro e a inchar.
Sofá, gelo, sofá Ikea e pomada resolvem. Mimos ajudam.

"Está-se tao bem neste sofá!"


"Merda. Tenho de ir apanhar o comboio para a entrega de prémios em Santarém!"
Roupa formal-cool, despedidas dolorosas mas rápidas, óculos de sol, dor de cabeça, 20 minutos para apanhar O comboio. Bilheteira, corrida, sento-me. Decido confirmar, com outro utente da grande rede portuguesa de comboios, se estou no comboio certo. 
"Santarém? Benfica!"
"Merda!"
Corro para a bilheteira e venho a descobrir que os horários são diferentes ao fim de semana, e que portanto o meu comboio parte de uma linha diferente, uma hora depois.
Uma hora presa num centro comercial magnífico, que se é bom num dia sem dores de cabeça, num de ressaca é qualquer coisa como pior só o Colombo ao domingo.

Comer. Comer costuma ajudar. 
Tantas filas e gente esquisita.Não sou eu que sou esquisita, são eles!
Comer.Ok, comer ao sol piora, comer à sombra! Não há mesa.
OK, comer numa cadeira com o tabuleiro ao colo, mas na sombra. Condições precárias que suscitam o interesse de pessoas que não estão habituadas a ver jovens tatuadas, vestidas formalmente. 

"Mãe, quem é aquela menina de gabardine preta e óculos esquisitos, com ar de sono e poucos amigos?" pergunta o mundo. Respondo com um grunhido. 

Para não melhorar o cenário, até agora comum, um típico pai de família Prudêncio meets Mike Tyson caucasiano, claramente ex-segurança de uma qualquer extinta discoteca na zona das docas, interrompe a minha paz dirigindo-se à sua mai'nova:
- Come lá a carne que só te vejo a enfardar batatas, Priscila!

Retomo a minha pausa zen, tentando apreciar o Tejo. No can dosville, baby doll! 
Tenho uma trintona Bershka que gosta mesmo da Reason dos Hoobastank, sentada ao meu lado.
Oh, just kill me!
Ouvem-se vozes esganiçadas ao longe. É pujança de fangirl belieber*. 
Começam a cantar a Forever Youg e morro mais um bocadinho. Heréticas! 

*Vim a descobrir que eram One Direction mads, no dia seguinte quando a minha prima disse que "Aqueles bichas foleiros vão dar um concerto hoje em Lisboa e a não sei quantas vai. Blargggh!".

Hora do comboio. Na-boa!
Not.
Comboio errado outra vez. A minha cabeça colapsou.
No biggie. 
À terceira é que a cena vai e lá vou eu no comboio suburbano em direcção a Santa-cenas. 
Algumas cadeiras atrás vai sentado um rural ribatejano, cujo toque de telemóvel é uma cena tipo Paso Doble, a gritar tourada, contrastando com o seu boné Louis Vuitton.

A minha família não me veio buscar por alguma razão que permanece por esclarecer e tenho de apanhar outro taxi. 
Chego antes do evento começar, antes da minha família chegar e não conheço ninguém. 
Perfeito para encontrar um cantinho e pôr creme Nivea nas pernas, que bem precisava. 
O evento lá arranca e a mim já não me arrancam da cadeira, mas ainda tenho de ir fotografar/filmar O grande momento.
Feito. 
Tenho um resto de bom fim de semana em família, até regressar a Lisboa e sentir falta dela.
E além da conclusão óbvia, que dormir pouco, mesmo quando tem de ser, antes de eventos familiares que impliquem uma deslocação razoavelmente longa quando o meu carro ainda está a arranjar após 3 meses, é má ideia, tiro outra conclusão mais romântica.
Isto do ler nas entrelinhas tem muito que se lhe diga.
É f***** ter saudades. Em suma, é isto.
É extremamente agoniante ter saudades dos que emigraram, apesar de ao fim de algum tempo nos habituarmos. É lixado ter saudades dos nossos grandes companheiros do 
dia-a-dia e mais lixado é aceitar que acabei de escrever companheiros do dia-a-dia. É terrível estar cheio de trabalho e não poder andar por aí a laurear a pevide e, apesar de o trabalho ser desafiante, não há nada que atenue as saudades.
E quando são saudades dela, f*deu.

F*de-me mais que qualquer fatalidade prevista na Lei de Murphy.